No mês passado, pela primeira vez em mais de dois anos, as contratações superaram as demissões em mais de 35 mil vagas. Os dados foram divulgados pelo presidente Michel Temer e pelo ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, dia 16. Foi a primeira vez em 22 meses que o País registrou abertura de postos de trabalho maior do que o número de demissões. A geração de 35.612vagas de emprego foi resultado de 1.250.831 admissões frente a 1.215.219 demissões registradas no mês passado. A última vez em que haviam sido registradas mais contratações do que demissões fora em março de 2015. De lá para cá, o desemprego só cresceu no Brasil.
Serviços foi o setor que mais gerou empregos formais em fevereiro. Acumulava resultados negativos desde setembro de 2015. A administração pública foi o segundo segmento em criação de vagas e a indústria de transformação também contratou mais do que demitiu no mês passado. Já o comércio manteve índice maior de demissões do que contratações, bem como a construção civil, que também cortou mais postos de trabalho formais do que abriu. Como já previsto, o segmento que mais cresceu foi o de serviços, e esta deve ser realidade para os próximos meses, tendo este setor comandado a recuperação do número de pessoas com carteira assinada. Outro ponto importante a se ressaltar é a contínua baixa da área da construção civil, que deve permanecer retraída até pelo menos o ano de 2018.
Medidas como a queda dos juros e a injeção na economia de bilhões de reais com a liberação de saque de contas inativas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) serão fundamentais para a reativação da economia. Os números demonstram que o mercado de trabalho responde ao movimento econômico. A reversão na retração de empregos para o surgimento de novas vagas é resultado muito animador. A animação só não é maior por conta da lista com os pedidos do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para a abertura de 83 inquéritos a partir da delação premiada de 77 executivos da Odebrecht na Operação Lava Jato, bem como por conta da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, que investiga 40 empresas do setor alimentício envolvidas em esquema de corrupção que liberava a comercialização de alimentos produzidos por frigoríficos sem a devida fiscalização sanitária.
Por fim, independentemente dos acontecimentos políticos e escândalos recentes, que podem afetar a curto prazo esse movimento, a economia já encontrou caminho e as perspectivas a médio prazo são otimistas, o que faz com que as empresas voltem a investir e, consequentemente, criar mais postos de trabalhos.
Por: Ricardo Karpat, Diretor da Gábor RH e Especialista em Recursos Humanos.